Abertura Ó Paí, Ó

aquarelas

terça-feira, setembro 12, 2006

Circuito das Águas

















É outro livro do meu pai, o de despedida,
vejam tapajós:






penso falar da sanha
e do franzido cenho...
esqueço.
prefiro dizer de sonho,
de sina de quem o busca.
prefiro deixar lembrança
daquela cobra segura,
do riso, da dança e o gargalho.
podia lembrar peleias,
brigas e guerras feias,
de homem macho
que agacha
no rebote de minha peia.
mas penso no sonho encantado,
na idéia, vento montado
que passa, assovia e farfalha
folhas,
falhas,
filhos.
sonho que segue, procura e alcança,
só volta na barra do mundo
e vai de ida outra vez
infinito.
na asa do vento voa,
montado no lombo da brisa,
flutua...
na face o vento frio,
versejo:
venho no vento brando,
não tenho sina ou caminho,
do fundo do mato surjo,
pro meio da mata sigo.
não sei de lista ou escala,
não sei de fato ou de fita,
não sei de tempo nem prazo.
só sei do sonho que é sina,
só sei da busca que é sanha!
o mar tambem já me trouxe
no dorso de ondas e vagas
espalhei espumas e bolhas,
brancos sorrisos
salgados de sol.
na teia de rendas e algas
teci a malha incontida
que a cada amizade me liga.
sigo no sonho
na sina...
nos sinos que longe chamam
na chama que ainda ilumina
tempo e caminho
tão longe e distante
que vou sem volta ou retorno.
sigo o circuito das águas,
de todas as brasis bacias
onde nadei e pesquei:
paraíba
são francisco
paraguai
telles pires
amazonica

agora tupaius
tapaius
tapajós
lá vamos nós...
em tuas águas me banho
na tua areia me aqueço
no teu regaço me entranho
no teu misterio me esqueço...
tupaius
tapaius
tapajós

circuito das águas
vida completa somos nós,
tapajós

Um comentário:

Anônimo disse...

que coisa mais LINDA!
emocionei...

estampas/rascunhos Igbá

aquarelas pro clip da Paula Toller/Donavon